A Posse de Trump – Folha do Povo Itaúna


Nesta semana, estive na posse do 47• presidente dos EUA, Donald Trump, em Washington DC. Fui a convite e participei de reuniões junto à delegação de autoridades brasileiras, além de agendas políticas e comerciais com parlamentares americanos e novos integrantes da Casa Branca. O que observei me deixou claro que o novo governo americano terá enorme relevância para os principais países do tabuleiro político mundial. Independentemente de qual seja a posição ideológica de seus governantes ou se a visão de mundo do observador é à esquerda ou à direita.

Ao final da Segunda Guerra Mundial, os EUA emergiram como uma superpotência intacta, com sua infraestrutura preservada, economia robusta e capacidade militar incomparável. O país assumiu papel central na reconstrução da Europa por meio do Plano Marshall, estabelecendo não apenas influência econômica, mas também política. A Guerra Fria consolidou definitivamente a hegemonia norte-americana. Por meio de estratégias diplomáticas, econômicas e militares, os EUA contiveram a expansão soviética e estabeleceram uma rede global de alianças e influência. Instituições como ONU, FMI e Banco Mundial, fortemente influenciadas pelos americanos, tornaram-se instrumentos de poder global.

Tecnologicamente, os EUA lideraram diversas revoluções. A corrida espacial, o desenvolvimento da internet, avanços em computação e inovações em telecomunicações reforçaram sua posição de vanguarda global. Empresas como Apple, Google, Meta, Amazon e Microsoft tornaram-se referências mundiais. 

O poder da informação impulsionado por essas empresas americanas é de tal ordem que estruturas de Estado de outros países observam-no como algo capaz de redirecionar a balança de poder político interna. E é exatamente este o ponto que leva a posse do presidente Donald Trump a ser enormemente importante para qualquer observador político brasileiro mais atento. Independentemente de posição político-ideológica favorável ou contrária ao novo presidente. 

Estamos entrando numa era em que a tradicional geopolítica militar e o aparato do Estado Democrático de Direito não serão páreos para a inteligência artificial associada ao poder do fluxo de informação das redes sociais. Ainda que um Supremo Tribunal se esforce para controlar esse ambiente, por meio de comandos dentro da estrutura judicial. A internet certamente não pode ser “terra sem lei”, mas a lógica que a rege definitivamente não será legislada por estruturas de Estado tradicionais. Um exemplo? A própria força da outrora invencível mão invisível do mercado financeiro nem teve tempo de ver quando a BlockChain e o CriptoMercado sequestraram seu naco da lógica de transação comercial do mundo.

Dos dois lados opostos no mundo ideológico político, temos pontos claros. Os liberais, representados principalmente pelo Partido Democrata, tendem a defender uma abordagem mais regulatória e cautelosa da IA. Argumentam que é necessário: estabelecer marcos regulatórios rigorosos, proteger direitos individuais contra possíveis usos discriminatórios, investir em programas de treinamento para trabalhadores deslocados pela automação e criar mecanismos de transparência no desenvolvimento tecnológico. Já os conservadores, liderados pelo Partido Republicano, advogam por: mínima intervenção governamental, incentivo ao desenvolvimento tecnológico sem barreiras regulatórias, apoio a iniciativas de livre mercado na pesquisa de IA e valorização da competitividade tecnológica americana globalmente.

Entre as ordens executivas assinadas pelo novo presidente, no seu primeiro dia de governo, estão: a retirada dos EUA do Acordo de Paris, a retirada dos Estados Unidos da Organização Mundial da Saúde, emergência nacional na fronteira com o México, perdão aos presos do 6 de janeiro, reconhecimento apenas do sexo biológico na política pública federal, acabando com a ideologia de identidade de gênero, restauração do acesso ao TikTok nos EUA, estabelecimento do Departamento de Eficiência Governamental para modernizar a tecnologia federal, declara emergência energética nacional para melhorar o fornecimento de energia dos EUA, entre outras tantas que ele assinou.

Não há assunto tratado nas ordens executivas que o novo presidente assinou que passem ao largo do poder incalculável da nova conjuntura de tecnologia informacional que o governo Trump se propõe a liderar mundialmente. Cada uma delas, em algum momento do tempo se relacionará com o processo de narrativa, cultura e popularidade proveniente da mistura entre redes sociais, criptomercado e inteligência artificial. 

De uma maneira geral, os protestos e os apoios propagados em direção à posse de Donald Trump estão focando sua atenção no lugar errado. Há algo muito maior e profundo acontecendo do que os aparentes efeitos imediatos de suas ordens presidenciais imediatas.

A forma de se construir poder político, comercial e militar no mundo já mudou e está ao ensejo de inaugurar aquilo que a teoria política moderna havia batizado de Estado Liberal Moderno. As estruturas de funcionamento do Estado da forma como o conhecemos já ficaram no passado.



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